quarta-feira, 11 de março de 2009

Expansão Marítima Espanhola


Os espanhóis estavam atrasados em relação aos portugueses, no processo de expansão marítimo-comercial. Sua unidade política só foi conseguida em 1469, graças ao casamento de Fernando, herdeiro do trono de Aragão, com Isabel, irmã do rei de Leão e Castela.
Em 1492, o navegador italiano Cristóvão Colombo ofereceu ao rei e à rainha da Espanha o projeto de alcançar as Índias navegando para o ocidente. Com isso, ele pretendia acabar com o monopólio português no Oriente e comprovar que a Terra era esférica. Mas em sua viagem para atingir o Oriente, navegando sempre em direção ao ocidente, Colombo encontrou, no meio do caminho, novas terras, que ele pensou serem as Índias. Na realidade, havia descoberto um novo continente, que depois foi chamado de América.
Entre 1519 e 1522, o navegador espanhol Fernão de Magalhães empreendeu a primeira viagem de navegação ao redor do mundo.
No século XVI, a descoberta e exploração de metais preciosos no Novo Mundo, em terras pertencentes aos reis espanhóis, transformou a Espanha na grande potência européia da época.

segunda-feira, 9 de março de 2009

O Governo Geral


A descentralização administrativa foi a principal causa para o insucesso da maioria das capitanias. Para tentar solucionar este problema, Portugal criou os Governos-Gerais (1548), com o objetivo de centralizar a administração e auxiliar os donatários.
O primeiro governador-geral foi Tomé de Souza ( 1549-1553). Esse governador edificou a cidade que seria a primeira capital da colônia: Salvador. Com ele chegaram os primeiros jesuítas, com a missão de catequizar os índios.
Duarte da Costa foi o segundo governador-geral. Em seu governo foi fundado um colégio, nas terras de Piratininga, que deu origem a cidade de São Paulo. Foi no seu governo também que ocorreu a invasão francesa ao Rio de Janeiro.
No governo de Mem de Sá, foram trazidos os primeiros escravos para a colônia. Expulsou os franceses e conteve a ameaça indígena, massacrando as tribos ou catequizando-as.

A economia açucareira
O processo de colonização foi desenvolvido com o objetivo de tornar as terras da colônia uma fonte de riqueza para Portugal. Essa relação de dominação é expressa pelo pacto colonial: a colônia torna-se uma região de exploração, provendo a Metrópole (Portugal) de recursos que permitissem o acúmulo de capitais.
Considerando que as terras coloniais não ofereciam um produto ou riquezas que permitissem a exploração, Portugal precisou introduzir um produto rentável no país. a opção agrícola portuguesa foi pela cana-de-açúcar.
Este produto era uma especiaria muito procurada na Europa e o Brasil oferecia condições favoráveis para o seu plantio (solo e clima). Foi implantada então uma estrutura açucareira baseada na monocultura, no latifúndio e na utilização da mão-de-obra escrava.
O local de produção era o engenho, composto basicamente pela casa grande, a senzala, capela e moenda.
Outras atividades econômicas desenvolveram-se vinculadas ao açúcar: a mandioca, a pecuária, o tabaco, aguardente e algodão.
A sociedade açucareira
Era rural, estratificada e patriarcal. No alto da pirâmide encontrava-se o senhor de engenho e sua família; logo abaixo, os funcionários graduados, os clérigos, os mercadores, os lavradores e trabalhadores livres; por último, os escravos, que constituíam a maioria da população.
A situação do escravo era quase sempre muito ruim. Alimentava-se pouco e exercia jornadas de trabalho extenuantes. A senzala parecia uma prisão, suja e quase sem mobiliário. As vestimentas constituíam-se de verdadeiros farrapos. Não é de se estranhar que as revoltas, fugas e suicídios fossem muito freqüentes nos engenhos.

A montagem do sistema colonial


Durante o período compreendido em 1500 e 1530, os portugueses preocuparam-se apenas em enviar para cá algumas expedições exploradoras e guarda-costas e em fundar feitorias sem grande importância.
A primeira expedição exploradora, comandada por Gaspar de Lemos, confirmou que a terra descoberta era muito maior do que se imaginava a princípio e que era rica em pau-brasil. Em face disso, o rei de Portugal, D. Manuel, resolveu arrendar a terra e permitir a exploração da madeira a um grupo de comerciantes chefiados por Fernão de Noronha. Mas essa economia não funcionou como colonizadora, já que não fixou nenhum europeu nas nossas terras.
As comunidades indígenas foram utilizadas no corte e transporte da madeira. A relação entre portugueses e índios denominou-se escambo: em troca do seu trabalho, os índios recebiam quinquilharias, como facas, tecidos, chapéus, machados e espelhos.

A colonização
A diferença da exploração do Brasil em relação às Índias era muito grande. As Índias possuíam população e civilização, comércio consolidado e produtos em abundância para comercializar.
Porém aqui havia a presença de estrangeiros que se aproveitavam do descaso português para freqüentar cada vez com mais audácia as costas brasileiras para contrabandear a madeira. Além disso, nas terras espanholas, começavam a surgir notícias de ouro. Para piorar, o comércio com as Índias, em face da concorrência dos países que entraram no comércio marítimo começava a não compensar os enormes gastos. Era preciso povoar o Brasil para protegê-lo e torná-lo rentável.
Aliando-se à burguesia, o rei de Portugal assumiu o povoamento, a defesa e a administração da terra. À burguesia cabia realizar os investimentos para tornar o comércio rentável, em benefício de si mesma e da metrópole.
Portugal organizou e enviou para cá uma primeira expedição colonizadora, com cinco navios e cerca de 400 homens, chefiada por Martim Afonso de Souza. Porém seriam necessárias muitas expedições como esta para garantir o domínio português nas terras brasileiras. E Portugal não tinha dinheiro para tanto. A solução foi ”privatizar” a colonização.
Portugal então introduziu na Brasil o sistema de Capitanias Hereditárias, já adotado, com sucesso, nas ilhas africanas, desde o século XV.
O rei dividiu as terras da colônia em paralelos, do litoral até o limite de Tordesilhas, em 15 lotes, que deram origem a 14 capitanias e foram entregues para 12 donatários, oriundos da pequena nobreza portuguesa, que se encarregaram do ônus da tarefa de colonizar.
Os donatários não eram os donos da terra das capitanias. Eles só tinham o direito da posse, podendo repassá-las aos herdeiros. Para incentivar os donatários, Portugal abriu mão de diversos direitos, fazendo-lhes concessões que estavam estabelecidas em dois documentos: as Cartas de Doação e os Forais. A Carta de Doação concedia ao donatário uma propriedade de 10 léguas da terra ao longo da costa, isenta de qualquer tributo, exceto o dízimo. O Foral estabelecia que a renda dos produtos da terra pertencia ao donatário, enquanto que os produtos do subsolo, mato e mar pertenciam à coroa. Ainda permitia aos donatários doação de sesmarias, ou seja, lotes de terras aos colonos, aos quais se vinculava a obrigação de cultivá-los.
Em geral, as capitanias cumpriram seus objetivos tendo contribuído imensamente para a preservação do domínio português. Por outro lado, o desenvolvimento das capitanias foi desigual, destacando-se somente São Vicente – cujo donatário era Martim Afonso de Souza – e Pernambuco – administrada por Duarte Coelho – que conseguiram recursos suficientes para desenvolver uma economia que lhes garantiu um crescimento adequado.

O “Descobrimento” do Brasil


No seu diário de bordo, Vasco da Gama registrou ter percebido sinais seguros da existência de terras a oeste da sua rota. Sabendo de tais indícios, D. Manuel , rei de Portugal, organizou uma grande esquadra, com treze navios e 1500 homens, para retornar às Índias, estabelecer relações diplomáticas e garantir o monopólio das especiarias. Essa missão foi chefiada por Pedro Álvares Cabral. A esquadra partiu no dia 9 de março de 1500 e, seguindo as orientações de Vasco da Gama, afastou-se da costa africana em direção ao oeste.
No dia 22 de abril de 1500, avistaram um monte, que denominaram Monte Pascoal. Depois de ser celebrada a missa tomando posse da terra, Cabral expediu um navio para Portugal para informar ao rei a descoberta de novas terras. Em seguida partiu para executar o roteiro oficial de sua viagem: as Índias.
Antes dos europeus aqui chegarem não havia Brasil, mas a terra onde centenas de nações indígenas, divididas em grandes grupos étnicos, viviam, com sua cultura bastante diferente da dos portugueses.
Em geral, não havia propriedade privada. Apenas os instrumentos de trabalho, como arco e as flechas, eram de propriedade individual. A divisão de trabalho era feita por sexo e idade. Aos homens, cabiam as tarefas de caça, pesca, preparo da terra para o plantio, construção das habitações e a guerra. Cada aldeia era governada por um chefe, que era auxiliado por um conselho formado pelas pessoas mais velhas e respeitadas da aldeia.
Nos primeiros contatos com os portugueses, os índios se mostraram bastante amistosos e curiosos. Os portugueses logo aproveitaram-se dessa situação para usá-los no corte e carregamento do pau-brasil. Por esses trabalhos recebiam quinquilharias sem valor como chapéus, faca, machado, espelho, etc.
Com o desenvolvimento da cultura açucareira, passaram a trabalhar como escravos. Na época do descobrimento, acredita-se que existiam cerca de 2 a 5 milhões de índios no território brasileiro. Já no século XVIII, após serem vitimados pelas doenças, exploração escrava, mortos em luta de resistência ou simplesmente abandonados a sorte após a destruição de sua cultura e habitat, não existiam mais que algumas dezenas de milhares de índios.

O pioneirismo de Portugal


A que se deveu o papel pioneiro desempenhado por Portugal no processo das Grandes navegações? Por que foi possível a esse país tão pequeno lançar-se ao Atlântico e construir um império transoceânico muito antes que o fizessem reinos maiores e mais poderosos.
As razões desse pioneirismo podem assim ser resumidas:
• Portugal possuía posição geográfica privilegiada em relação Atlântico.
• Possuía condições técnicas para a expansão marítima, desenvolvidas desde o governo de D. João I, no centro náutico fundado por seu filho, o infante D. Henrique, em Sagres, sul de Portugal.
• Possuía um grupo mercantil próspero e ávido de lucros.
• Possuía um Estado centralizado, o que permitia maior capacidade de arrecadação de tributos, necessários para o financiamento da expansão.
• Diferente dos demais Estados europeus, Portugal gozava de um período de relativa paz.
Diversos setores da sociedade portuguesa estavam interessados nos benefícios propiciados pelas navegações. Os motivos eram os mais variados e compreendiam, entre outros, aspectos políticos, econômicos e religiosos.
A monarquia portuguesa desejava fortalecer seu poder e construir um império. A nobreza vislumbrava na expansão territorial uma oportunidade para conquistar terras, riquezas, títulos e mais prestígio. A igreja, por sua vez, estava interessada em expandir a fé católica e aumentar o número de fies.
Para a burguesia, os motivos eram bastante evidente: a expansão territorial e o contato com outros povos só fariam aumentar as atividades comerciais e os lucros.

Pela costa da África
As conquistas de Portugal iniciaram-se por Ceuta, uma possessão árabe no norte da África, em 1415, e, continuamente ao longo de 83 anos, com a exploração e conquista das ilhas e regiões litorâneas da costa africana, ricas em madeira, ouro, marfim, peles e escravos. Nestes locais os portugueses realizaram uma experiência de colonização, implantando o cultivo da cana-de-açúcar e instalaram entrepostos comerciais denominados feitorias.
Em 1488, o navegador Bartolomeu Dias chegou ao Cabo das Tormentas, rebatizando de Cabo da Boa Esperança.
Esse último feito abriria caminho para a realização de um projeto mais ambicioso: chegar às Índias contornando a África.
Dez anos depois, Vasco da Gama contorna o mesmo cabo e, ingressando no Oceano Índico, chega a Calicute.
Imediatamente o navegador português deu início às transações mercantis com o Oriente. Seus navios voltaram carregados de especiarias.
Os outros países europeus demoraram a realizar a expansão em face de uma série de problemas, como guerras e invasões. A Espanha, por exemplo, só deu início ao projeto oceânico em 1492, quando os reis católicos Fernão e Isabel, financiaram o navegador genovês Cristóvão Colombo que acreditava poder chegar às Índias navegando pelo Oriente.
Cristóvão Colombo chegou à América em 1492 acreditando ter chegado às Índias. Essa descoberta espanhola, fosse novas terras ou as Índias, precisava ser garantida. Assim, os reis espanhóis buscaram a ajuda do Papa Alexandre VI, que elabora a Bula Inter Coetera em 1493, dividindo o mundo em duas partes, cabendo aos espanhóis todas as terras situadas a oeste de uma linha imaginária, que passaria a 100 léguas das ilhas de cabo Verde.
Portugal protestou a bula papal e, através de inúmeras negociações, conseguiu estender a linha imaginária para 370 léguas. Foi o Tratado de Tordesilhas, assinado em 1494.

A Expansão marítima européia


Dentre os acontecimentos que assinalam a passagem para os tempos modernos, destacam-se, pela profundidade de suas conseqüências, as Grandes Navegações.
Nessa época, os europeus contornaram a África, estabeleceram novas rotas comerciais com o Oriente, circunavegaram o mundo e chegaram às Américas. O expansionismo marítimo possibilitou aos europeus o domínio de várias regiões do mundo durante um longo período.
De forma geral, podemos dizer que os europeus foram impelidos a empreender as Grandes Navegações por duas razões econômicas: as necessidades de expandir o comércio e de obter grandes quantidades de metais preciosos.
Entretanto, nem só de causas econômicas se faz a história. Havia também naquelas circunstâncias uma confluência de outros estímulos: ambições pessoais, espírito aventureiro e fervor religioso. Na Península Ibérica, por exemplo, disseminou-se a idéia de que, uma vez expulso os muçulmanos do território, seria preciso propagar a fé cristã por todas as regiões do mundo.
Reunidos esses anseios, o Estado moderno, com sua monarquia fortalecida e unificada, surgiu como instrumento capaz de concretizá-los. Graças ao apoio da burguesia, aos impostos cobrados da população e aos empréstimos contraídos dos banqueiros, o rei pôde reunir o capital necessário para financiar as viagens marítimas.

O Atlântico como solução
Para entendermos as causas das grandes navegações, é preciso examinar as características européias a partir dos séculos XI a XIII, período denominado de Renascimento Comercial.
Ao longo desse período ocorreu na Europa um crescimento acentuado do comércio. Todo território europeu foi cortado por rotas comerciais; multiplicaram-se as feiras, onde os comerciantes se encontravam para negociar produtos locais ou especiarias e a seda das distantes Índias. Recomeçou a utilização das moedas, ressurgiram as cidades e a dinâmica da economia se acelerou. Ampliou-se a população e com ela a produção agrícola.
Este renascimento Comercial, porém, encontrou seu limite de crescimento na própria estrutura vigente, a estrutura feudal. Assim, o crescimento da população das cidades provocou uma crise no campo, incapaz de prover sustento para toda população; a produção de moeda acabou por provocar o esgotamento das minas; a exploração dos servos gerou revoltas por toda parte. O crescimento econômico então trouxe como conseqüência a necessidade de rever a estrutura político-econômica da Europa.

Anos de fome e de peste
Todo florescimento econômico ocorrido na Europa entre os séculos XI e XII, contudo, sofreu sério abalo a partir do século XIV. Por essa época, uma conjunção de fatores levou os europeus a enfrentar uma profunda crise econômica e social que transformou o continente em lugar de desolação, medo, fome e morte.
Um desses fatores foi a instabilidade decorrente da conquista de territórios do Império Bizantino pelos turcos otomanos a partir do século XIV. Os bizantinos eram parceiros comerciais da Europa ocidental e seu declínio fez com que a economia européia se retraísse.
Além disso, nesse período a sociedade européia foi assolada por secas prolongadas que prejudicaram a agricultura e deixaram parte da população sem alimento.
Para piorar, em meados do século XIV a Europa viveu uma das maiores catástrofes da sua história: a Peste Negra. A doença chegou em 1374 por meio de navio genovês vindo do Oriente e espalhou-se rapidamente pelo continente. Calcula-se que entre as décadas de 1340 a 1350 a Peste Negra tenha matado cerca de 25 milhões de pessoas, ou seja, quase um terço de toda população européia. Esses fatores, associados as guerras travadas entre os reinos europeus – Guerra dos Cem Anos, da Reconquista e das Duas Rosas, por exemplo – provocaram insatisfação generalizada em toda população.
A crise econômica precisava ser contornada com a descoberta de outras fontes de minérios e mercadorias; a crise política, com o fortalecimento do Estado, para conter as revoltas.
Expansão Marítima e Centralização monárquica passaram a ser os parâmetros para a superação da crise européia. Era o início de tempos modernos.

À procura de metais preciosos
Outro fator que levou os europeus a realizar as navegações foi a busca de metais preciosos. De fato, a expansão do comércio acarretava uma necessidade crescente desses metais para a cunhagem de moedas. Porém, boa parte do ouro e da prata existentes na Europa era destinada ao pagamento de mercadorias no comércio com o Oriente. Por isso, os dois metais se tornaram escassos no continente, forçando a procura por novas fontes fora da Europa.

terça-feira, 3 de março de 2009

A Baixa Idade Média e o Declínio do Feudalismo


"A Baixa Idade Média corresponde ao período entre os séculos XII e meados do século XV. Nesse momento histórico ocorreram inúmeras transformações no feudalismo, como o renasci­mento do mundo urbano e o reaquecimento das atividades comerciais; o fim do trabalho servil; o surgimento da burguesia; a centralização política nas mãos dos monarcas; e as crises da Igreja Católica. Toda a trama histórica levou o sistema feudal ao seu limite, produzindo uma grave crise que desembocou na transição para o capitalismo.

As transformações internas do feudalismo

A passagem do século X ao XI foi um momento de mudanças na Europa feudal. Com o fim das invasões bárbaras (vikings e magiares), o mundo medieval conheceu um período de paz, segurança e desenvolvimento.
O primeiro dado importante refletindo esse novo momento foi o aumento da população. O crescimento demográfico foi ocasionado pelo fim das guerras contra os bárbaros e pelo recuo das epidemias, gerando uma que­da da mortalidade. Além disso, ocorreu uma suavização do clima, proporcionando mais terras férteis e colheitas abundantes.
Esse crescimento implicou maior demanda de alimentos, estimulando o aperfeiçoamento das técnicas agrícolas para aumentar a produção. Assim, o arado de madeira foi substituído pela charrua (arado de ferro), facilitando o trabalho de aragem; a atrelagem dos animais foi aperfeiçoada, permitindo o uso do cavalo na tração; os animais passaram a ser ferrados; os moinhos foram melhorados; e o sistema trienal se estendeu por toda a Europa, proporcionando melhor qualidade e maior quantidade de produtos agrícolas.
No entanto, todo esse inegável desenvolvimento técnico foi limitado, não atendendo ao crescimento da população e, portanto, do consumo. Inicialmente novas terras foram ocupadas e desbravadas. Além disso, ocorreu um fenômeno histórico novo para a Idade Média, o êxodo rural, ou seja, parcelas consideráveis das populações rurais dirigiram-se para as cidades.

Esse crescimento implicou maior demanda de alimentos, estimulando o aperfeiçoamento das técnicas agrícolas para aumentar a produção. Assim, o arado de madeira foi substituído pela charrua (arado de ferro), facilitando o trabalho de aragem; a atrelagem dos animais foi aperfeiçoada, permitindo o uso do cavalo na tração; os animais passaram a ser ferrados; os moinhos foram melhorados; e o sistema trienal se estendeu por toda a Europa, proporcionando melhor qualidade e maior quantidade de produtos agrícolas.
No entanto, todo esse inegável desenvolvimento técnico foi limitado, não atendendo ao crescimento da população e, portanto, do consumo. Inicialmente novas terras foram ocupadas e desbravadas. Além disso, ocorreu um fenômeno histórico novo para a Idade Média, o êxodo rural, ou seja, parcelas consideráveis das populações rurais dirigiram-se para as cidades.

Renascimento urbano

As cidades, portanto, começaram a crescer durante a Idade Média a partir do desenvolvimento agrícola, que garantia o abastecimento, e das atividades de troca do excedente (a sobra da produção agrícola, resultado de uma quantidade maior de produtos do que as necessidades de consumo imediato), ou seja, do comércio.
O revigoramento do comércio trans­formou as villas, as cidades portuárias e as antigas regiões das feiras comerciais, que se tornaram permanentes. Várias cidades desenvolveram-se junto dos castelos e mosteiros fortificados, em razão da proteção proporcionada por seus muros. Provavelmente surge daí a denominação burgo para as cidades, pois essa palavra significa fortaleza e castelo (do latim burgo). Os que habitavam os burgos, exercendo atividades comerciais e manufatureiras, constituíram um novo segmento social no sistema feudal, conhecido como burguesia.

Como inicialmente as cidades eram patrocinadas pelos senhores feudais, os burgueses se submetiam à sua autoridade. Todavia, com o crescimento do comércio e o fortalecimento da burguesia, as cidades iniciaram movi­mentos de independência (movimentos comunais). Essas lutas ocorreram basicamente de duas maneiras:
a) as cidades alcançavam sua liberdade de forma pacífica, pela compra de cartas de franquia, que lhes asseguravam autonomia política e administrativa;
b) ou então através da luta violenta, muitas vezes com o apoio de alguns monarcas que procuravam se fortalecer diante dos senhores feudais.

Obtida a liberdade, as cidades passavam a ser governadas pelos setores mais enriquecidos do comércio e da manufatura, que organizavam seus setores e propiciavam o desenvolvimento econômico dos centros urbanos. Cada setor artesanal organizava-se de acordo com sua especialização (ferreiro, alfaiate, marceneiro, etc.), constituindo corporações de oficio (também conhecidas como guildas ou grêmios). Sua função era evitar a concorrência e, por isso, fixavam os preços dos produtos e os salários, controlavam a qualidade e a quantidade das mercadorias.
Em cada corporação havia uma rígida hierarquia, organizada do seguinte modo:

• mestre (dono da oficina);
• jornaleiro (assalariado);
• e o aprendiz, que trabalhava em troca de aprendizado do ofício, casa e alimentação.

No final da Idade Média essa divisão se acentuou com a monopolização da riqueza pelos mestres, que começaram a explorar a mão-de-obra assalariada. Portanto, lentamente o trabalhador servil foi desaparecendo das cidades.
Os comerciantes também organizavam suas corporações, conhecidas como hansas. A Liga Hanseática, reunião de várias hansas, destacou-se a partir de meados do século XIII (reunia inúmeras hansas de cidades da região de Flandres).
Mais ao norte, a Hansa Teutônica foi muito influente nas atividades comerciais, agrupando várias hansas na região da Alemanha.

Revigoramento comercial

Pois bem, é possível perceber que o reaquecimento das atividades comerciais ocorreu ao mesmo tempo que a produção agrícola e manufatureira crescia e as cidades se desenvolviam.
Nesse período dois setores artesanais se destacaram: o da construção e, principalmente, o têxtil. A primeira região manufatureira têxtil se concentrou em Flandres (séculos XII e XIII) e não sobreviveu à concorrência.O norte da Itália substituiu Flandres na produção manufatureira durante o século XIII. A partir do final desse século e no século XIV a Inglaterra se destacou na produção, deixando de ser apenas fornecedora de matéria-prima.
O comércio dos produtos agrícolas e manufaturados inicialmente cumpria a função de suprir demandas internas localizadas. Entretanto, o comércio internacional de longa distância era ao mesmo tempo mais perigoso e lucrativo. Suas atividades ocorriam entre o Mediterrâneo oriental e a Europa e internamente no continente europeu. As Cruzadas (expedições militares estimuladas pela Igreja Católica e organizadas pelos nobres cristãos, visando a libertação dos lugares santificados —Jerusalém, por exemplo —, domina­dos pelos muçulmanos) tornaram-se instrumentos fundamentais para a ampliação dessas atividades comerciais, pois elas asseguraram às cidades européias a hegemonia do comércio no Mediterrâneo.
Havia dois eixos comerciais funda­mentais que dominavam o comércio marítimo: no sul, Veneza e Gênova dominavam o comércio no mar Mediterrâneo; no norte, Flandres (Holanda e Bélgica). Entre esses dois pólos surgi­ram inúmeras rotas comerciais, fluviais e terrestres. O comércio ocorria nas grandes feiras, e as que mais se destaca­ram foram as da região de Champagne (França), bem no centro da Europa.
Com a Guerra dos Cem Anos (1337-1453, entre França e Inglaterra) o comércio terrestre foi muito prejudica­do, levando Champagne ao declínio e propiciando a ascensão de flandres. O comércio entre o norte da Europa e o sul da França passou a ocorrer através da navegação marítima, cruzando o estreito de Gibraltar. Portugal começou a despontar então como ponto de escala privilegiado, o que fomentou suas atividades comerciais portuárias.

A monetarização da economia

O crescimento urbano e comercial proporcional a afluência e o câmbio (troca) de moedas, que readquiriram função importante nas atividades comerciais. Nessa nova situação, destacou-se o mercador que lidava especificamente com as moedas: o cambista ou banqueiro.
Por meio da cobrança de taxas, esses mercadores cambiavam todo tipo de moeda, faziam empréstimos e emitiam títulos de valores, ou seja, certificados que garantiam a um comerciante a propriedade de determinada quantia de moedas, que ficavam sob guarda e proteção do banqueiro.
Desse modo, o comerciante ficava seguro contra possíveis assaltos e poderia realizar seus negócios apenas trocando esses certificados com outros banqueiros ou comerciantes. Os principais banqueiros do período, logicamente, concentra­ram-se nas cidades mais ricas: Gênova e Veneza.

Toda essa nova situação econômica não era mais compatível com o feudalismo, que acabaria sendo superado após uma grave crise do sistema. Assim, é possível perceber que, lentamente, o próprio sistema feudal criava novos elemententos que o desestruturam por dentro."

O feudalismo


Os termos feudal e feudalismo são modernos, usados para descrever uma sociedade que estava morrendo ou que já tinha desaparecido. A palavra feudal tem sua raíz no latim feudum: posse, propriedade ou domínio e, ao que parece, foi usada pela primeira vez em 1614. Já a palavra feudalismo só viria a ser usada no século XIX.
admite-se que a sociedade feudal originou-se na França, entre os séculos IX e X, com o declínio da monarquia Carolíngia. Na Inglaterra, originou-se, em 1066, com a conquista normanda. O feudalismo teria durado até o século XVI.

gênese
Durante o Império Romano, predominou o modo de produção escravista.
A partir do século III, o escravismo entrou em crise. A produção agrícola caiu. O comércio e a produção artesanal urbana retraíram-se.

Institições romanas
Vilas - durante a crise do Império Romano, os grandes proprietários foram em direção aos seus latifúndios, onde desenvolveram núcleos rurais e uma economia agrária de subsistência.

Colonatos - eram grupos de romanos que desenvolviam trabalhos agrícolas em troca de sobrevivência.

Clientela - relação social que caracterizava a dependência entre grupos inferiores frente aos superiores.

Instituições germânicas
Benefício - doação de terras como forma de pagamento. Deste termo surgiu o feudo. Pequena ou grande parcela de terra doada.

Comitatus - grupo formado por guerreiros e seus chefes. Tinham obrigações recíprocas e lealdade.

Economia agropastoril - a base da economia germânica era a agricultura e a criação de animais. Não existia o ideal de comercialização do excedente.

Portanto, a fusão de elementos da sociedade germânica com a romana resultou numa síntese que denominamos de sociedade feudal.

Principais características do feudalismo

Econômicos – Economia essencialmente agrária, natural e auto-suficiente: produzia-se para o consumo imediato.
Trabalho regulado pelas obrigações servis, fixadas pela tradição e pelo costume.

Políticas – Poder político descentralizado das mãos do rei. O poder local: cada domínio feudal era independente, ou seja, cada feudo era governado pelo seu senhor.
Relação entre a nobreza feudal baseadas nos laços de suserania e vassalagem: tornava-se suserano o nobre que doava um feudo a outro; e vassalo, o nobre que recebia o feudo.

Sociais – Sociedade rural e estamental, dividida em três estamentos ou ordens sociais, cada qual com uma função:
clero – oração
nobreza – defesa
campesinato – (servos e vilões) – trabalho
A sociedade feudal era principalmente rural, ou seja, quase todas as pessoas viviam no campo. O trabalho na agricultura era pesado e cansativo e os camponeses ficavam com poucos frutos, visto que as terras eram dos nobres.
Os nobres eram os donos da terras, também chamados de feudos. Como proprietários, o trabalho deles era pouco, em comparação com os servos.
Servos, não eram escravos porque não pertenciam aos nobres, já que não podiam ser vendidas para outro senhor feudal. Mas também não eram livres para irem para outro lugar ou outro feudo. Estes camponeses servos tinham direito de utilizar um pedaço da terra do feudo para uso próprio. Mas o senhor feudal não fazia investimentos na terra. Os instrumentos de trabalho como foices, machados e outros, pertenciam aos servos. Veja algumas das obrigações feudais:

Corvéia:era prestação de serviço gratuitos. Isto é, o servo trabalhava uns dias na semana de graça para o senhor feudal , em terras do seu senhor. Além de construir pontes, reparar estradas e outros trabalhos extras.
Talha: era a entrega de produtos gerados diretamente por trabalho servil. Parte da colheita do servo devia ser entregue ao senhor feudal. Isto incluía aves, alimentos e animais.
Banalidades: eram taxas criadas por qualquer motivo. Multas, impostos para compra de equipamentos e vários.

Tais obrigações servis ou melhor, direitos senhoriais, eram como consagrados pela tradição e variavam de acordo com a região. A relação entre senhor feudal e servo era bem prática: os servos trabalhavam enquanto os senhores feudais lhes garantiam proteção, em caso de guerras, e abrigo, no caso de calamidade. Mesmo assim, com essa suposta proteção, os camponeses não se conformavam tão facilmente com tanto trabalho me tanto tributo. Por isso haviam rebeliões, que infelizmente eram sufocadas de maneira violenta e cruel pelos nobres.
A economia do feudo era de subsistência , pois o feudo não produzia tantos excedentes,mas apenas o básico para sobreviver. or causa disso as cidades e o comércio eram pouco desenvolvidos.

O princípio de estratificação era privilégio de nascimento. Cada indivíduo permanecia preso à sua posição na sociedade, o que caracterizava uma imobilidade social e estabelecia um regime de desigualdade.

Culturais – Cultura teocêntrica, ou seja, todo o poder político girava em torno da autoridade religiosa, da fé.
Predomínio da Igreja, que determinava o modo de pensar e de viver da sociedade.
Condenação pela Igreja dos juros (usura) e do lucro.
Fenômenos naturais explicados pela fé. A sociedade medieval era profundamente religiosa. Era comum a celebração de ritos para fazer as plantas crescerem, para conseguir boa colheita, para pedir a chuva etc.

As Cruzadas

As Cruzadas são tradicionalmente definidas como expedições de caráter "militar" organizadas pela Igreja, para combaterem os inimigos do cristianismo e libertarem a Terra Santa (Jerusalém) das mãos desses infiéis. O movimento estendeu-se desde os fins do século XI até meados do século XIII. O termo Cruzadas passou a designá-lo em virtude de seus adeptos (os chamados soldados de Cristo) serem identificados pelo símbolo da cruz bordado em suas vestes. A cruz simbolizava o contrato estabelecido entre o indivíduo e Deus. Era o testemunho visível e público de engajamento individual e particular na empreitada divina.
Partindo desse princípio, podemos afirmar que as peregrinações em direção a Jerusalém, assim como as lutas travadas contra os muçulmanos na Península Ibérica e contra os hereges em toda a Europa Ocidental, foram justificadas e legitimadas pela Igreja, através do conceito de Guerra Santa - a guerra divinamente autorizada para combater os infiéis.
O movimento cruzadista foi motivado pela conjugação de diversos fatores, dentre os quais se destacam os de natureza religiosa, social e econômica. Em primeiro lugar, a ocorrência das Cruzadas expressava a própria cultura e a mentalidade de uma época. Ou seja, o predomínio e a influência da Igreja sobre o comportamento do homem medieval devem ser entendidos como os primeiros fatores explicativos das Cruzadas.
A ocorrência das Cruzadas Medievais deve ser analisada também como uma tentativa de superação da crise que se instalava na sociedade feudal durante a Baixa Idade Média. Por esta razão outros fatores contribuíram para sua realização.
Muitos nobres passam a encarar as expedições à Terra Santa como uma real possibilidade de ampliar seus domínios territoriais.
Aliada a esta questão deve-se lembrar ainda de que a sucessão da propriedade feudal estava fundamentada no direito de primogenitura. Esta norma estabelecia que, com a morte do proprietário, a terra deveria ser transmitida, por meio de herança, ao seu filho primogênito. Aos demais filhos só restavam servir ao seu irmão mais velho, formando uma camada de "nobres despossuídos" -- a pequena nobreza -- interessada em conquistar territórios no Oriente por meio das Cruzadas.

Consequências das Cruzadas
Os efeitos das Cruzadas se deixaram sentir principalmente na Europa, não no Oriente Médio. As Cruzadas foram responsáveis pela reabertura das rotas comerciais entre o Oriente e o Ocidente. Os cruzados haviam fortalecido o comércio das cidades italianas, haviam gerado um interesse pela exploração do Oriente e haviam estabelecido mercados comerciais de duradoura importância. Os experimentos do Papado e dos monarcas europeus para obter os recursos monetários para financiar as Cruzadas conduziram ao desenvolvimento de sistemas de impostos diretos de modo geral, que tiveram conseqüências a longo prazo para a estrutura fiscal dos estados europeus. Ainda que os estados latinos no Oriente tivessem uma vida curta, a experiência dos cruzados estabeleceu alguns mecanismos que gerações posteriores de europeus usariam e melhorariam, ao colonizar os territórios descobertos pelos exploradores dos séculos XV e XVI.

Abra o comentário e responta as questões.