sábado, 18 de junho de 2011

O Cristianismo, a Igreja Católica e a Reforma Protestante


O Cristianismo, a Igreja Católica e a Reforma Protestante

Vocês sabem quantas igrejas cristãs exitem na sua cidade? E no seu estado, vocês sabem? Se essas perguntas são difíceis de serem respondidas imaginem se as mesmas se referissem a nível nacional ou mundial.
Segundo a edição de 2001 da World Christian Encyclopedia existem 33 830 denominações cristãs. Muitas não? Não é a toa que o cristianismo é a religião com maior número de seguidores do mundo, com mais de 2 bilhões de fiéis. Isso corresponde a 1/3 da população mundial.
Dentre as igrejas (ou denominações) cristãs, a Igreja Católica é apontada como a maior em número de fiéis. Segundo algumas estatísticas recentes, mais de um bilhão de pessoas professam ser adeptas do catolicismo, que tem o Brasil e o México como os principais redutos de convertidos.
Já o número de protestantes no mundo atinge a casa do 600 milhões de fiéis, divididos em milhares de denominações.
Mas qual a origem do Cristianismo, você sabe?
Pois bem. A origem do Cristianismo está relacionada ao nascimento de Jesus Cristo, líder judeu que promoveu uma nova prática religiosa universalista destinada à salvação de toda a humanidade. Após a morte de Cristo, a principal missão de seus seguidores era pregar os ensinamentos por ele deixados com o objetivo de ampliar o conhecimento de suas promessas. Nessa época, os primeiros cristãos tiveram que enfrentar a oposição ferrenha das autoridades romanas que controlavam toda Palestina.
Durante o Império Romano os primeiros cristãos foram perseguidos, torturados, massacrados, queimados vivos ou devorados por leões nas arenas romanas.
Entretanto, a crise do Império Romano e a franca expansão dos praticantes dessa nova religião acabaram forçando o império a ceder a essa nova situação no interior de seus territórios. Por isso, ao longo do século IV, o catolicismo se tornou a religião oficial do Império Romano, favorecendo enormemente a expansão dessa religião ao logo de uma vasta região compreendendo a Europa, a África e partes do mundo oriental. Com isso, a Igreja adentra os últimos séculos da Antiguidade com expressivo poder.
Durante a Idade Média, a continuidade do processo de conversão religiosa se estendeu às populações bárbaras que invadiram os domínios romanos e consolidaram novos reinos. Entre esses reinos, destacamos o Reino dos Francos, onde se instituiu uma íntima relação entre os membros do clero e as autoridades políticas da época. A partir de então, a Igreja se tornou uma instituição influente e detentora de um grande volume de terras e fiéis.
Nesse período a Igreja tornou-se tão poderosa que, em muitas regiões da Europa, seu poder estava acima do poder dos reis.
Muitos católicos não via com bons olhos essa concentração de poder nas mãos dos líderes da Igreja. Isso porque, enquanto a Igreja pregava o total desapego às coisas materiais, seus líderes viviam uma vida de abundância, riqueza e poder.

A Pré-Reforma

Na realidade, as críticas à Igreja não eram novidade. Durante a Idade Média, em diversos momentos, surgiram movimentos de oposição, que foram denominados heresias. Entre eles destacam-se os valdenses, no século XII, que defendiam o fato de a Bíblia ser a única verdade, e que os leigos poderiam exercer as funções do clero. Foram duramente reprimidos. A igreja chegou até mesmo a criar o Tribunal de Inquisição (Século XIII), com o objetivo de combater as heresias.
No final do século XIV e início do século XV, dois outros movimentos contribuíram como crítica à Igreja: o de John Wiclef, na Inglaterra, e o de John Huss, na Boêmia (atual República Tcheca). O primeiro condenava o poder temporal da Igreja, admitia a livre interpretação da Bíblia e era contra o celibato. O segundo, bastante inspirado por Wiclef, pregou tais ideias na Universidade de Praga, onde era professor. condenado, foi morto na fogueira.

O contexto da Reforma

O processo de centralização monárquica, em andamento na Europa desde o final da Idade Média, tornou tenso o relacionamento entre os reis e a Igreja, até então detentora de sólido poder temporal. Além do domínio espiritual sobre a população, os membros do clero detinham o poder político-administrativo sobre os reinos. Roma - isto é, o papa - recebia tributos feudais provenientes das vastas extensões de terra controladas pela igreja em toda a Europa, e o advento dos Estados centralizados fez com que essa prática passasse a ser questionada pelos monarcas.
Ao mesmo tempo, a expansão comercial encontrava alguns obstáculos nas pregações da Igreja, que condenava a usura - cobrança de juros por empréstimos - e defendia o "justo preço" das mercadorias, ou seja, produção e comercialização não pelas leis de mercado, mas pelo que se considerava a correta remuneração do trabalho. A atividade bancária, por exemplo, ficaria comprometida na medida em os empréstimos a juros eram considerados pecado. Essas situações colocavam parte da burguesia em uma crise de religiosidade.
Um ingrediente poderoso na crise religiosa foi a desmoralização de parte do clero: abusos e poder excessivo de vários membros contradiziam suas pregações moralizadoras. O comércio de bens eclesiásticos, o uso da autoridade para garantir privilégios, o desrespeito ao celibato clerical e até a venda de cargos eclesiásticos não eram raros na Igreja desde o final da Idade Média. Mas o maior escândalo talvez fosse a venda de indulgências. As indulgências existiam havia muitos séculos no cristianismo, como obras que os fiéis deveriam fazer para compensar o mal originado pelos pecados que haviam confessado. Entretanto, no final da Idade Média, esse conceito foi distorcido e as obras foram substituídas por pagamentos a religiosos (incluindo o papa). Vale observar, no entanto, que esse desregramento moral não envolvia todo o corpo eclesiástico, já que muitas ordens religiosas e parte do clero tinham uma conduta austera e mantinham seus votos cristãos de acordo com as proposições iniciais da Igreja, de observância aos ensinamentos de Cristo.

A Reforma Luterana

O grande rompimento religioso iniciou-se na Alemanha, região do Sacro Império Romano e Germânico. A Alemanha era ainda basicamente feudal, agrária, com alguns enclaves mercantis ao norte. A Igreja era particularmente poderosa no Sacro Império, onde possuía cerca de um terço do total das terras. A nobreza alemã, por essa razão, estava ansiosa por diminuir a influência da instituição, além de cobiçar suas propriedades.
A Reforma teve início com Martinho Lutero, membro do clero e professor da Universidade de Witterberg. Em 1511 esteve em Roma, escandalizando-se com a situação de degradação moral em que vivia a corte papal. Em 1517, insurgiu-se contra a venda de indulgências, escrevendo um documento, conhecido como As noventa e cinco teses, que radicalizava publicamente suas críticas à Igreja e ao próprio papa. Em 1520, o papa Leão X redigiu uma bula condenando Lutero, exigindo sua retratação e ameaçando-o de excomunhão.
Lutero queimou a bula em público, agravando a situação. Estabeleceu-se uma verdadeira crise política, na qual a nobreza alemã dividiu-se, em parte a favor, mas, em sua maioria, contra o papa.
Em 1521, o imperador Carlos V convocou uma assembleia, a chamada Dieta de Worms, na qual o monge foi considerado herege.
Acolhido por parte da nobreza, Lutero passou a dedicar-se à tradução da Bíblia do latim para o alemão e a desenvolver os princípios da nova corrente religiosa. Mais tarde, em 1530, a Confissão de Augsburgo fundamentou a doutrina luterana.
Seu conteúdo incluía:
  • O princípio da salvação pela fé;
  • A livre leitura da bíblia;
  • A supressão do celibato clerical e das imagens sagradas;
  • A manutenção de apenas dois sacramentos: o batismo e a eucaristia;
  • Submissão da Igreja ao Estado.