domingo, 31 de agosto de 2008



A lenda de Rômulo e Remo
A lenda que narra a fundação da cidade de Roma é conhecida no mundo inteiro. O escritor Virgílio, autor da Eneida, conta que Enéias, um príncipe troiano, fugiu para a península Itálica depois que os gregos destruíram a cidade de Tróia. No Lácio, fundou a cidade de Alba Longa.
A lenda conta que Enéias foi sucedido por doze reis, até que houve uma briga entre dois irmãos que queriam ser os reis de Alba Longa.
A disputa pelo trono
O irmão que venceu, mandou matar os filhos e os netos do outro irmão. Os gêmeos, Rômulo e Remo, foram jogados pelo tio-avô no rio Tibre. Os deuses protegeram os meninos, que foram amamentados por uma loba e criados por uma familia de pastores.
Uma vez adultos, Rômulo e Remo voltaram para Alba Longa, mataram o tio-avô e devolveram o trono da cidade ao legítimo sucessor, o avô deles. O avô permitiu que eles fundassem uma cidade. Assim, Rômulo fundou a cidade de Roma, sobre sete colinas, junto com alguns seguidores.
O governo dos romanos
A lenda narrada por Virgílio também revela que depois de Rômulo, a cidade de Roma teve sete reis. Rômulo matou seu irmão, Remo, e foi o primeiro rei de Roma. Ele organizou o Senado, uma das principais instituições de governo em Roma, e dividiu a sociedade romana em dois grupos: os patrícios e os plebeus. Rômulo foi sucedido por outros três reis romanos. Depois disso, Roma foi governada por três reis etruscos, conforme já vimos.
A sociedade romana
Vejamos, agora, como era a sociedade romana durante a monarquia. O povo romano era formado pelos descendentes das famílias que teriam participado da fundação de Roma. Eles eram os patrícios, descendentes dos fundadores da cidade. Só eles podiam ocupar os cargos públicos e governar. Além disso, tinham se apossado das melhores terras da região e formavam uma aristocracia de várias famílias ligadas por laços de parentesco. Cada família formava uma gens. Os chefes das gens integravam o Senado romano.
Os patrícios romanos se reuniam numa assembléia chamada comício, para propor e votar as leis da cidade. Os patrícios eram classificados em trinta grupos de famílias chamados de cúrias. O comícios curiados escolhiam os reis e os demais funcionários do governo.
O outro grupo da sociedade romana era constituído pelos plebeus. A plebe era formada pelos estrangeiros e pelos romanos que não tinham um antepassado que houvesse participado da fundação da cidade. Os plebeus viviam livremente em Roma, embora não tivessem direitos e não participassem do governo.
Para melhorar a situação de vida, muitos plebeus se tornavam protegidos, ou clientes, de alguma família patrícia. Em troca, tinham de prestar favores a esses patrícios.
Roma também contava com um grande número de escravos. Os escravos eram tratados como se fossem coisas. Eles nem existiam na legislação romana. Os plebeus que não pudessem pagar suas dívidas e os prisioneiros de guerra eram escravizados.



A família romana
A família teve um papel muito importante dentro da sociedade romana. Toda a organização da sociedade girava em torno dos laços de parentesco, e estes laços, por sua vez, estavam ligados à religião.
A família romana era formada por todos aqueles que prestavam homenagem a um antepassado. Isso incluía o pai, a mãe, os filhos, os clientes e até os escravos.
A autoridade do pai era absoluta dentro de casa. Ele tinha poder de vida e morte sobre a mulher e os filhos. A figura da mãe era muito respeitada e gozava de muito prestígio. Apesar disso, a mulher não participava da vida pública nem tinha independência dentro de casa: lá era subordinada ao pai, ao marido ou ao filho mais velho.



A religião
Os romanos eram muito religiosos. Mas eram tão supersticiosos que achavam que tinham de adotar os deuses dos povos com os quais entravam em contato para facilitar a convivência entre ambos. Graças a isso, a religião romana assimilou as crenças de vários povos.
Os latinos praticavam o culto doméstico, veneravam os espíritos dos antepassados e os lares, os gênios protetores da casa. O pai da família desempenhava o papel de sacerdote.
Cada cidade tinha seu altar com fogo sagrado no templo de Vesta, a deusa protetora do Estado. Lá, as vestais, virgens de famílias importantes, alimentavam o fogo sagrado.
Sob o domínio dos etruscos, os latinos adotaram os deuses deles, seus rituais de adivinhação e presságios. A partir desse momento, tais rituais marcaram profundamente a vida pública romana. Nessa época, os latinos assimilaram também os rituais sanguinários - as lutas entre gladiadores.
Dos gregos, os romanos assimilaram os deuses do Olimpo, embora lhes tenham trocado os nomes.



Roma republicana (509 a.C.-27 a.C.)
O estabelecimento da república coincide com a expulsão dos etruscos
e o início da expansão territorial de Roma. Inicialmente, os patrícios mantiveram
os privilégios que tinham sob a monarquia. Com o passar do tempo,
foram obrigados a partilhar o poder: os plebeus lutaram para conquistar
o direito de participação no governo. Nessa época surgiu entre os romanos
um forte ideal militar. Em breve, dominariam todo o Mediterrâneo ocidental
e oriental.



As autoridades republicanas
A queda da monarquia romana não significou uma mudança no governo da cidade. A aristocracia patrícia continuou governando, apesar das pressões dos plebeus. A república era governada pela classe dos patrícios. As únicas novidades que a república trouxe, em termos de governo, foram as seguintes:



  • O rei foi substituído por dois cônsules - uma vez por ano, cada cônsul era eleito pelas cúrias patrícias; eles tinham os mesmos poderes que os reis.

  • Em casos excepcionais, ou seja, em caso de guerra ou de algum acidente muito grave, os cônsules eram substituídos por um ditador, que governava durante seis meses; não precisava consultar ninguém para governar, e tinha até direito de vida e morte sobre os cidadãos romanos.

  • O Senado, formado por trezentos membros vitalícios, ou seja, que só eram substituídos quando morriam, assumiu papéis cada vez mais importantes, tais como o controle sobre fundos públicos e o poder de veto sobre os atos da Assembléia, formada por patrícios romanos escolhidos pelas gens.


As lutas sociais entre patrícios e plebeus
A desigualdade social imposta pelos patrícios sobre o resto dos romanos foi contestada pelos plebeus, que lutaram durante duzentos anos para conquistar os mesmos direitos dos patrícios. No final desses duzentos anos, os plebeus conquistaram muitos desses direitos sociais. A diferença que existia entre patrícios e plebeus praticamente desapareceu.
Essas conquistas foram possíveis porque os plebeus formavam a maioria das tropas romanas. Se eles lutavam nas guerras, era justo que eles também participassem do governo da cidade. Com o passar do tempo, os patrícios não tiveram outra saída senão ceder às pressões dos plebeus.



Os magistrados plebeus
Uma das primeiras conquistas dos plebeus foi a possibilidade de terem representantes, magistrados, no governo romano: eram os tribunos da plebe, que defendiam os interesses dos plebeus. Os edis, inspetores plebeus, ajudavam o trabalho dos tribunos, vigiavam a limpeza da cidade, controlavam os preços dos mercados e exerciam certas funções policiais.
Para equilibrar essas conquistas, os patrícios criaram os censores, que também eram patrícios. Eles eram encarregados de fazer as listas de todos os candidatos a cargos públicos e os julgavam, para ver se eram dignos de ocupá- los. Muitas vezes, os censores não permitiam que os candidatos que defendiam os interesses dos plebeus chegassem ao governo.



As leis escritas
Outra conquista dos plebeus foi o acesso às leis romanas. Só os patrícios podiam julgar as disputas que surgiam entre as pessoas, pois só eles conheciam as leis. Os plebeus não tinham como se defender.
Em 454 a.C., formou-se uma comissão de dez juízes que se encarregaram de escrever as leis. A publicação da Lei das Doze Tábuas, assim chamada porque estava escrita em doze pranchas de bronze, facilitou a defesa dos plebeus, e foi o ponto de partida do direito romano.



As assembléias populares
Com o passar do tempo, os plebeus conseguiram o direito de participar dos comícios. As leis começaram a ser discutidas nas assembléias dos integrantes das centúrias. Cada centúria constituía um batalhão do exército. Essas assembléias eram chamadas de comícios centuriados. Como todos os romanos faziam parte do exército, todos participavam desses comícios. Apesar disso, os patrícios ainda tinham mais poder: o exército era formado levando em conta a riqueza dos cidadãos.
Em 470 a.C., a cidade foi dividida em bairros chamados tribos. Cada bairro formava uma assembléia que tinha direito a voto. Nesses comícios por tribos, que também eram chamados de plebiscitos, os plebeus sempre eram a maioria. No início, os patrícios não aceitaram as decisões tomadas pelos plebiscitos. Mas, com o passar do tempo, tiveram de se submeter a essa conquista da plebe.



  • As leis licínias, promulgadas em 367 a.C., obrigavam um dos dois cônsules a ser plebeu.

  • As leis canuléias, promulgadas em 345 a.C., permitiam que os plebeus se casassem com patrícios.

Depois das conquistas obtidas pelos plebeus, todo cidadão romano podia candidatar-se a qualquer cargo público e exercê-lo, fosse ele plebeu ou mesmo patrício.


A expansão romana na Península Itálica


Quando as lutas sociais se apaziguaram, Roma pôde dispor de seu poderoso exército para conquistar a Península Itálica, avançando em direção ao norte (terra dos etruscos) e ao sul, vencendo os samnitas e os gregos. Após dominar a região da Magna Grécia, em 265 a.C., Roma era dona absoluta da península Itálica. Suas aspirações, agora, incluíam terras de além-mar.



As guerras púnicas (264 a. C-146 a. C.)
Depois da conquista da península Itálica, Roma se tornou uma das cidades mais poderosas do Mediterrâneo. Era inevitável, portanto, que seus interesses se chocassem com os de um vizinho muito poderoso: Cartago.
No norte da África, a cidade de Cartago era o centro de um próspero império comercial de origem fenícia. O duelo entre romanos e cartagineses durou 120 anos e se desenvolveu em três etapas.
Foram as chamadas guerras púnicas ("púnico", vem do latim poemi, quer dizer fenício).



  • Na primeira guerra púnica (264 a. C.- 240 a. C.), Roma conseguiu tomar a ilha da Sicília.

  • Na segunda guerra púnica (220 a. C.- 202 a. C.), Roma lutou contra o grande general cartaginês Aníbal, que conseguiu várias vitórias mas não foi capaz de impedir os romanos de reafirmar seu poder sobre a península.

  • Cinqüenta anos após a derrota, Cartago tinha renascido, graças ao comércio. Roma não se conformou e atacou novamente: foi a terceira guerra púnica (150 a. C.-146 a. C.).

Em 146 a.C., Cartago foi totalmente arrasada, e seus habitantes, degolados. O Senado romano ordenou que se passasse um arado sobre as ruínas da cidade, salgou a terra e declarou o território amaldiçoado.
A partir desse momento, o norte da África transformou-se em mais uma província romana. Senhora absoluta do Mediterrâneo, Roma empreendeu a conquista do Oriente, tomando territórios da Grécia e da Síria.

Da crise da República ao fim do Império Romano



A conquista de novos territórios acabou enriquecendo um pequeno grupo de famílias que se encarregaram de governar e administrar as riquezas. Ser governador de uma província era o mesmo que ter ganho um atestado de riqueza. Foi assim que um pequeno grupo, ligado ao Senado, tornou-se praticamente dono da república.
As causas das lutas sociais
Após as guerras, as terras conquistadas eram repartidas entre soldados e colonos romanos. Na realidade, essas terras foram entregues a minorias privilegiadas, ligadas ao Senado. Formaram-se, assim, grandes propriedades, chamadas latifúndios, cultivadas por milhares de escravos, que chegavam como prisioneiros de guerra.
Com a mão-de-obra gratuita dos escravos, os produtos dos latifúndios chegavam a Roma com preços muito baixos, arruinando os pequenos produtores. Para saldar suas dívidas, os colonos tiveram de vender suas terras aos próprios ricos, e acabaram por se juntar ao imenso batalhão de desempregados e mendigos que viviam em Roma.
Não demorou para que se formassem dois partidos, cujos interesses eram radicalmente opostos.



  • De um lado, o Partido Senatorial, formado pela minoria, queria que as
    coisas ficassem como estavam.

  • Do outro lado, o Partido Popular, mais numeroso, mas carente de líderes
    que o organizassem, lutava para diminuir os poderes do Senado.

A luta entre os partidos foi áspera e violenta, e terminou numa sangrenta guerra civil.



Os reformistas
Nesse clima de disputa, surgiram personagens que se dedicaram a promover reformas para melhorar a situação social da maioria dos cidadãos.
O líder do Partido Popular não demorou a surgir. Em 133 a. C., Tibério Graco foi eleito tribuno. Apesar de ser de uma família patrícia, Tibério simpatizava com as causas populares. Ele propôs a lei da Reforma Agrária, em que o Estado deveria dividir as terras em benefício das famílias pobres.
Os ricos, ligados ao Partido Senatorial, assassinaram Tibério e o seu projeto foi esquecido. Dez anos depois, seu irmão mais novo, Caio Graco, aprovou leis que beneficiaram os pobres, distribuindo comida e combatendo o desemprego. Também propôs medidas simpáticas ao Partido Senatorial. Quando tentou conceder a cidadania romana aos demais habitantes da península Itálica, enfrentou a oposição de ricos e pobres. Perseguido pelo Partido Senatorial, suicidou-se em 121 a.C.
Pouco tempo depois do assassinato de Caio Graco, o partido Popular elegeu Caio Mário, militar filho de camponeses. Os sucessos militares de Mário fortaleceram sua posição no partido. A partir desse momento, o exército romano deixou de ser nacional para tornar-se uma força fiel ao chefe. Mário foi eleito cônsul durante seis anos seguidos. Apesar disso, as tão desejadas reformas não se concretizaram.



A primeira guerra civil
Enquanto os dois partidos se desafiavam, aconteceu uma rebelião na Ásia Menor. O Senado declarou a guerra contra Mitridates, rei do Ponto, e nomeou Sila, líder do Partido Senatorial, que já havia sufocado uma revolta de italianos contra o poder romano, como comandante do exército. O Partido Popular não aceitou a nomeação de Sila. Foi o início da guerra civil.
Os dois partidos lutaram nas ruas até que Sila venceu. O Partido Popular foi esmagado e o Partido Senatorial revogou todas as leis que concediam benefícios aos pobres.
Quando terminou a guerra contra Mitridates, Sila teve de voltar para Roma às pressas. Mário havia retornado e iniciado a perseguição aos senatoriais. Sila tornou a entrar com suas tropas em Roma, disposto a derrotar Mário definitivamente. Mário morreu no meio do conflito; e os populares, mal-organizados, não conseguiram enfrentar as tropas de Sila. Após uma terrível matança, Sila dominou a cidade.
O Senado o nomeou ditador perpétuo. Sila decretou a pena de morte para os membros do Partido Popular. Milhares de pessoas foram vítimas de torturas e assassinatos. Sila também aproveitou para reformar as leis, conforme os interesses de seu partido.



  • O Senado se transformou na autoridade máxima da república.

  • Os tribunos e os comícios populares perderam todo o poder.

Em contrapartida, Sila incentivou a construção de obras públicas e distribuiu terras entre os soldados, para diminuir o desemprego. Em 79 a.C., Sila devolveu seus poderes ao Senado e etirou-se.



A luta pelo poder
Depois da retirada de Sila, a liderança do Partido Senatorial ficou por conta dos novos cônsules, os generais Pompeu e Crasso. Eles revogaram as leis repressivas, restabeleceram o poder dos tribunos e diminuíram o poder do Senado. Dessa maneira, a situação política ficou mais equilibrada.
Apesar disso, Roma teve de lidar com várias revoltas, como a de Espártaco, em 72 a.C., que comandou uma sublevação de mais de 70 mil escravos. Também os piratas do Mediterrâneo, aproveitando a confusão, desorganizaram o comércio de Roma.
Esses acontecimentos proporcionaram um bom pretexto para que Pompeu aumentasse sua popularidade, esmagando o que restava da sublevação de escravos.


O Primeiro Triunvirato
Quando Pompeu anunciou que voltaria a Roma, o Senado promoveu uma campanha difamatória, procurando desmoralizá-lo. A essa altura dos acontecimentos, o tribuno Caio Júlio César voltara da Espanha, onde havia realizado um excelente governo. Pompeu aliou-se a Júlio César e a Crasso para derrotar o Senado, em 60 a.C. Eles juraram que apoiariam uns aos outros na repartição das magistraturas. Isso permitiu que governassem sem o Senado. O pacto entre os três foi chamado de triunvirato, o governo de três varões.
Esse pacto, entretanto, não durou muito tempo, pois, mais cedo ou mais tarde, o governo seria exercido por um só homem, o mais forte dos três.


Júlio César (100 a. C.-44 a. C.)
Júlio César sempre simpatizou com as causas populares, pois também era sobrinho adotivo de Mário. Ocupou todos os cargos públicos que um cidadão romano podia ocupar. Além disso, provou uma nova lei agrária e reformou as demais leis. Foi assim que conquistou a confiança dos mais pobres e o temor do Senado.


A segunda guerra civil

Após conquistar a Gália, César tornou-se o homem mais poderoso de Roma. Insatisfeito, Pompeu rompeu a aliança do triunvirato e juntou-se ao Partido Senatorial. Ele forçou o Senado a proclamá-lo ditador e exigiu que César voltasse para Roma sem os seus exércitos. Estimulado pelas tropas que liderava, César atravessou o rio Rubicão com seu exército, o que era proibido pelas leis romanas. Começava a segunda guerra civil. César, vitorioso, entrou em Roma, escolheu
um novo Senado e anistiou, ou seja, perdoou, todos os seus opositores. Uma vez tomadas essas medidas, perseguiu Pompeu, que fugiu para o Egito. Lá foi assassinado, e César elegeu Cleópatra rainha do Egito.
Depois de derrotar os últimos aliados de Pompeu, César foi proclamado o pai da pátria e pôde, então, realizar várias reformas.


A ditadura de César
César foi nomeado ditador perpétuo e imperator, que significava chefe absoluto das forças de mar e terra, além de pontífice máximo, ou seja, principal sacerdote romano.
A preocupação fundamental de César foi a reorganização da administração romana. Realizou várias reformas muito importantes.


  • Fez com que o Senado fosse internacionalizado, ou seja, seus 900 membros não seriam apenas cidadãos nascidos em Roma.

  • Decretou o fim da escravidão por dívidas, repartiu terras e fundou colônias.

  • Moralizou a administração, realizou grandes obras públicas e reformou o calendário.

O fim de César
A aristocracia dos senadores não suportava a idéia de que César se tornasse rei. Para impedir que isso ocorresse, em 44 a.C., César foi assassinado com 28 punhaladas, uma delas dada pelo filho adotivo, Bruto. Quando o viu no meio dos assassinos César lhe disse: “Até tu, Bruto?”.



O segundo triunvirato
Após o assassinato, Marco Antônio, Otávio e Lépido formaram o segundo triunvirato. Iniciaram-se perseguições. Quase todos os membros do Senado foram aniquilados. Finalmente, decidiram dividir o governo em três partes. Lépido renunciou ao seu quinhão. Só restaram Otávio e Marco Antônio: um dos dois estava “sobrando”.


A terceira Guerra Civil


O governo de Otávio pôs fim às perseguições. Enquanto isso, Marco Antônio se instalou em Alexandria e casou-se com a rainha Cleópatra. Ele prometera a Cleópatra que a transformaria em rainha de Roma. Otávio usou isso como pretexto para livrar-se de Marco Antônio, declarando guerra ao Egito. Em 31 a.C., a frota egípcia foi derrotada, e Cleópatra e Marco Antônio se suicidaram. A partir daquele momento, o Egito passou a ser uma província romana. Otávio era o único dono do poder em Roma. Ele inaugurou uma nova forma de governo, o império, que durou quinhentos anos



O império cristão
Os romanos sempre foram tolerantes com outras crenças e religiões. Apesar disso, alguns imperadores rejeitaram o cristianismo e o consideraram um “perigo público”. Para eles, o cristianismo não era apenas uma nova crença, mas um novo sistema de vida que se contrapunha ao romano. Cristo pregava o amor, a misericórdia e o perdão: o que importava era levar uma vida virtuosa.
Os cristãos rejeitavam os cultos pagãos e se recusavam a reverenciar o imperador como se fosse um deus.



As perseguições
O confronto entre os cristãos e as autoridades imperiais começou trinta anos após a morte de Jesus e se prolongou durante três séculos, com intervalos.
Em geral, a atitude do Estado romano diante do cristianismo era de indiferença. Alguns imperadores perseguiam os cristãos porque eles se recusavam a pagar impostos e a adorar os deuses oficiais do Estado.
A falta de moral e a situação calamitosa do império no século III inverteram essa situação. A partir da conversão do imperador Constantino, o cristianismo se tornou a religião oficial do império.



Constantino e o triunfo cristão
Ao vencer uma batalha contra um aspirante a imperador, Constantino
se converteu ao cristianismo e promulgou o Edito de Milão (ano 313), estabelecendo
a liberdade de culto em todo o império.
A partir desse momento, e dada a crise generalizada, o cristianismo ganhou
terreno. Ele prometia, a homens e mulheres, a salvação pessoal. Além disso,
as comunidades cristãs ofereciam serviços, tais como cuidado de crianças e
sustento dos desprotegidos. Começam a surgir os primeiros templos e escolas
públicas cristãs.
Nessa época, a igreja cristã adotou o cerimonial imperial e se submeteu
ao controle do Estado romano.



O desmoronamento do Império do Ocidente
Assim como o cristianismo conquistou o império por dentro, outros invasores quebraram o poder militar que mantinha as fronteiras. O avanço dos hunos, vindos das estepes asiáticas, provocou o deslocamento dos povos germânicos próximos das fronteiras romanas. Em 378, 200 mil visigodos invadiram o império e ocuparam a Trácia. Outros povos germânicos imitaram o exemplo dos visigodos e, em pouco tempo, a penetração de povos germânicos tornou-se violenta. Visigodos e vândalos saquearam Roma e o império.
Os germanos que invadiram o Império do Ocidente não viviam em cidades. As cidades se reduziram a fortificações: a decadência da vida urbana é uma das principais marcas do novo período histórico que se inicia. A economia tornou-se estritamente agrícola: a produção dos campos apenas dava para alimentar os trabalhadores rurais e sustentar os senhores das terras.



O Império do Oriente
A parte oriental do Império Romano sobreviveu durante mais mil anos. A partir do século VI, o Oriente começava uma vida própria, e a Europa Ocidental iniciava um longo período deconstrução.



A cultura romana e seu legado
Roma deixou para o mundo um legado construído ao longo de mil anos. Povo de organizadores, deixou-nos um sistema de direito. O respeito que os romanos tinham pela cultura dos submetidos lhes deu uma civilização internacional. Mas eles também foram responsáveis pela romanização de vários povos. Seus valores eram assimilados pelos demais povos europeus e continuaram regendo a vida das pessoas durante o período que ficou conhecido como Idade Média.