quinta-feira, 31 de julho de 2008

Os primeiros helenos: eólios, jônios, aqueus e dórios

Os helenos eram um povo ário que se dizia descendente de um mesmo antepassado comum. Apesar disso, eles estavam divididos em quatro grupos que se estabeleceram em regiões diferentes:
os eólios se fixaram na Etólia, no norte da Hélade;
os jônios se fixaram no centro, na península de Ática;
os aqueus se fixaram no Peloponeso;
os dórios se fixaram no norte da Grécia, na Macedônia e, mais tarde,
no Peloponeso.
Atraídos pela prosperidade dos cretenses, os helenos foram se infiltrando em todo o território até dominá-los completamente, conquistando o mar Egeu. Mas isso não significou o fim da civilização cretense. Os helenos preservaram a civilização que encontraram e assimilaram coisas que eles mesmos tinham criado, como a língua grega.
Os aqueus logo se impuseram aos demais grupos. Por volta de 1400 a.C., as cidades de Micenas e Tirinto tornaram-se os focos irradiadores da nova cultura cretomicênica, uma combinação da velha cultura dos cretenses com a cultura dos helenos.

A Guerra de Tróia
O rei de Micenas liderava os demais reis helenos nas campanhas de conquista.
Eles penetraram na Ásia Menor e lá estabeleceram alguns povoamentos. Mas tiveram de enfrentar um inimigo poderoso: a cidade de Tróia, um centro comercial popular, que se beneficiara da queda do poderio naval de Creta atacando toda a costa grega.
Por volta de 1100 a.C., Agamenon, rei de Micenas, querendo pôr fim à situação, liderou uma coalizão de helenos contra Tróia. A guerra, a primeira entre a Ásia e a Europa, durou dez anos. Os gregos penetraram na cidade escondidos dentro de um enorme cavalo de madeira com o qual presentearam os troianos. Daí vem a expressão presente de grego. No final, Tróia foi totalmente destruída.
Os reis de Micenas teriam continuado a expandir o seu território se não
tivesse acontecido algo inesperado.

A invasão dórica
Enquanto os aqueus lutavam contra os troianos, os dórios começaram a se infiltrar. Os dórios tinham uma coisa que os outros não tinham: armas de ferro.
Por volta de 900 a.C., começaram a avançar em direção ao Peloponeso.
As tribos helenas estavam divididas e debilitadas por causa da longa guerra contra Tróia e não conseguiram resistir. As que tentaram, como Micenas e Tirinto, foram arrasadas. Os aqueus foram reduzidos a escravos dos dórios.
Em Creta, a destruição foi tão grande que não ficou uma única lembrança de seu esplendor.

A cultura creto-micênica: uma sociedade de guerreiros comerciantes
Os aqueus eram governados por uma monarquia absoluta. Devemos supor que a maioria da população vivia sob a dependência dos guerreiros, pois as fortalezas de Micenas e Tirinto abrigavam uma população reduzida e privilegiada.
Os aqueus construíam estradas e portos para facilitar o comércio. Usavam bronze, jóias, pedras gravadas e cerâmica. As cidades aquéias eram fortificadas, e os temas de guerra estavam presentes na decoração dos palácios. As gigantescas construções eram chamadas de ciclópeas, pois lendas diziam que elas tinham sido construídas por ciclopes, super-homens que tinham um só olho, no meio da testa.

A Grécia heróica
Com a chegada dos dórios, começou uma etapa muito importante na vida dos gregos. Esse momento é chamado de heróico ou homérico. Foi nessa época que surgiram os mitos, as lendas, os deuses e os heróis helenos.
Com a invasão dos dórios, muitas famílias helenas fugiram e se refugiaram nas ilhas do mar Egeu e na Ásia Menor. Mais tarde, os dórios se estabeleceram no sul da Ásia Menor.
A partir desse momento, o mar Egeu ficou totalmente rodeado de colônias gregas. Além disso, entre os séculos VIII e VII a.C., as cidades gregas da Ásia Menor transformaram o Mediterrâneo num mar grego.
Ao norte, nas costas do mar Negro, os gregos fundaram várias cidades - entre elas, Bizâncio, que seria, no futuro, a capital do mundo romano oriental. Os gregos também fundaram colônias no Egito, no norte da África, no sul da Itália (a Magna Grécia) e nas costas da Espanha e da Gália, que é hoje a França.
As novas cidades eram autônomas, ou seja, independentes. Apesar disso, os colonizadores mantinham os mesmos costumes e ideais que eram cultivados na Grécia. Assim, a Grécia continental se transformou no centro de uma associação de cidades independentes espalhadas pelo Mediterrâneo.

A cultura e a religião
Para os gregos o ser humano era a obra mais importante da criação. Seus deuses eram pessoas perfeitas, belas e jovens, mas tinham todas as qualidades e os defeitos dos seres humanos.
Os deuses gregos formavam uma comunidade privilegiada que morava no monte Olimpo, um lugar sagrado. Eles eram presididos por Zeus, pai de todos os deuses, e sua mulher, Hera. Os deuses da Terra também moravam no Olimpo, como Posêidon, o deus dos mares, e Dioniso, o deus da alegria e do vinho.
Cada cidade grega tinha o seu deus predileto. Apesar disso, os gregos adoravam todos os outros deuses também. Cada casa tinha um fogo sagrado que ardia em memória dos antepassados.
Os deuses gregos comunicavam seus desejos aos homens por meio de presságios. Os oráculos, os templos onde os deuses gostavam de revelar suas mensagens, foram muito populares na Grécia.

As lendas
O gregos criaram lendas sem fundamento histórico, ou seja, que ninguém podia provar se realmente tinham acontecido.
Mesmo assim, essas lendas foram aproveitadas por poetas e artistas.
As lendas gregas diziam que o homem havia sido criado por Prometeu, que lhe deu o fogo que conseguira roubar do Olimpo. Quando Zeus soube disso, amarrou Prometeu com correntes num monte do Cáucaso. Lá, uma águia vinha todas as manhãs para lhe devorar as vísceras, que renasciam a cada dia.
Para castigar o Homem, Zeus fez com que ele casasse com Pandora, que lhe deu de presente uma caixa que continha todos os males: a maldade, a inveja e assim por diante.

Os heróis
Os gregos também contavam histórias sobre personagens lendários, os semideuses. Os mais famosos foram:
Hércules, o herói nacional grego por causa de sua força física e bondade;
Teseu, que conseguiu acabar com o poder dos cretenses quando matou o Minotauro;
Perseu, que matou a Medusa, um monstro cujos cabelos eram serpentes e que convertia os homens em pedra com o olhar;
Édipo, o anti-herói que assassinou o pai, Laio, rei de Tebas, e casou com a mãe, Jocasta. Uma vez revelado o crime, Édipo fugiu e foi engolido pela terra.

A literatura
Antes que os gregos conhecessem a escrita, trovadores e poetas percorriam as cidades cantando e contando suas lendas. A Ilíada e a Odisséia, os poemas escritos por Homero, são uma reunião de todas essas lendas e mitos que circularam de boca em boca durante séculos.
A Ilíada conta a história da guerra e da tomada de Tróia, cujos principais protagonistas foram os deuses e os reis da Grécia heróica.
A Odisséia conta as aventuras de Ulisses, rei de Ítaca, ao voltar da Guerra de Tróia. Penélope, sua mulher, esperava-o; acreditava que ele estava vivo, ao contrário do que diziam todos aqueles que tinham inveja de Ulisses.

O mundo grego: Grécia antiga, clássica e helenística

Durante aqueles séculos em que os gregos criaram todas as suas lendas, seus deuses e seus mitos, eles formaram as principais características do modo de vida que adotaram. Como já pudemos perceber, os gregos formaram cidades-estados. Ou seja, cada cidade se tornou um pequeno país.
Veremos agora como eram as cidades-estados gregas, como os gregos viviam, e que forma de governo eles adotaram.

A vida social
As casas dos gregos, em geral, eram pequenas. Eles gostavam mesmo era de se reunir nos arques e nas praças das cidades, onde conversavam e trocavam idéias.
A roupa que usavam parecia um pequeno lençol preso no ombro.
A vestimenta das mulheres era, muitas vezes, bordada.
Os estrangeiros tinham de pagar impostos e, em caso de guerra, deviam prestar alguns serviços à cidade na qual moravam.

A vida nas cidades
Os gregos moravam em cidades independentes que chamavam de pólis.
Os poemas homéricos descrevem os reis gregos como homens que aravam a terra, faziam trabalhos manuais. A agricultura era a principal riqueza. Por isso, a propriedade da terra era símbolo de prestígio.

As cidades-estados gregas
Vejamos, agora, como é que as cidades-estados se desenvolveram, e que tipo de governo elas adotaram. Veremos o exemplo das cidades que se tornaram as mais poderosas da Grécia: Esparta e Atenas.

Esparta
Esparta foi fundada pelos dórios. Como eram pouco numerosos, eles estabeleceram uma disciplina militar muito rígida para manter os privilégios que tinham conquistado. Esparta era uma verdadeira cidade-quartel. Tudo era submetido ao Estado, cuja principal função era fazer com que os cidadãos espartanos fossem bons soldados.
A terra, propriedade dos cidadãos, era cultivada por escravos que pertenciam ao Estado. O principal objetivo da vida dos espartanos era o engrandecimento do Estado. Ao nascer, uma criança que tivesse algum defeito físico era jogada de uma colina. Se fosse perfeita, ficava com a mãe até os 7 anos de idade.
Depois, permanecia sob o cuidado do Estado até chegar aos 60 anos.
Até os 18 anos, os meninos espartanos aprendiam a ler e a escrever. Eles tinham de fazer muitos exercícios físicos, além de sofrer muitos castigos, para se tornarem bons soldados. Dos 18 aos 30 anos, dedicavam-se exclusivamente ao exército. Depois entravam na Assembléia, onde participavam das decisões de governo. Só depois dos 60 anos é que podiam virar magistrados e ocupar cargos no governo.
As meninas eram educadas em casa, quase da mesma forma que os meninos.
Aprendiam a ler e a escrever e faziam muitos exercícios físicos para se tornarem mães de soldados perfeitos. A mulher espartana gozava de muito prestígio e de liberdade nas suas relações sociais, o que não acontecia nas demais cidades gregas.
O exército tinha um papel muito importante na vida dos espartanos. Foi por meio de seu exército que Esparta conseguiu se impor aos demais povos do Peloponeso.
Depois de dominar esses povos, os espartanos formaram a Liga do Peloponeso. Esparta tornou-se a cidade-estado mais forte da Grécia.


Atenas
Atenas foi fundada em homenagem à deusa da sabedoria. Os jônios construíram a Acrópole, que abrigava os edifícios públicos e o templo, numa colina. Na costa, eles construíram o porto do Pireu. Aos poucos, Atenas foi se tornando o principal centro dos jônios.
Os atenienses experimentaram várias formas de governo até chegar a uma forma que eles chamaram de democracia.
No início, os atenienses foram governados por um rei, cujo poder era limitado pelos eupátridas, os “bem nascidos”.
Nesse momento, os atenienses foram governados por uma monarquia baseada numa aristrocracia, ou seja, pelos eupátridas, que se revezavam no governo uma vez por ano.
Revoltas dos habitantes que não podiam participar do governo forçaram os governantes a escrever as leis, que só eram conhecidas pelos eupátridas. Drácon, um eupátrida, fez isso em 620 a.C. Ele redigiu leis que eram muito rígidas e que puniam todos os crimes com a morte. Os habitantes de Atenas não se conformaram: fizeram outra revolta e chamaram Sólon, outro eupátrida, para reformar as leis.
Sólon libertou todos aqueles que eram prisioneiros por dívidas, repartiu as terras que antes pertenciam apenas aos nobres, suavizou as leis de Drácon e incentivou a educação para todos os cidadãos.
Para suprimir os privilégios dos nobres, ele dividiu a sociedade em quatro classes, de acordo com as riquezas que as pessoas tinham. Os que possuíam mais dinheiro, e pagavam mais impostos, tinham mais direitos políticos.
O sistema não agradou à maioria das pessoas, e Sólon perdeu prestígio.
Em 560 a.C., Pisístrato conseguiu tomar o poder. Começou assim o período
de governo conhecido como tirania, assim chamado porque era um governo que
não tinha origem legal.
Pisístrato governou durante cinqüenta anos, respeitando as leis de Sólon e adotando várias medidas para proteger os atenienses pobres. Ele melhorou a agricultura, incentivou a colonização e protegeu as ciências e as artes. Atenas se tornou uma cidade muito bela.
Em 508 a.C., o governo passou para as mãos de Clístenes. Ele dividiu a cidade em cem distritos que foram chamados de demos, habitados por todo tipo de gente - ricos e pobres, nobres e plebeus. Todos os atenienses livres pertenciam a um demos e tinham o direito de escolher os chefes. Os atenienses chamaram esse sistema de governo de democracia.
A reforma de Clístenes criou os princípios da República. Esses princípios eram os seguintes:
as leis nascem da vontade dos cidadãos;
todos os cidadãos são iguais perante as leis;
todos os cargos públicos são acessíveis aos cidadãos que respeitam as leis.
Os atenienses contavam com várias instituições, por meio das quais a República se sustentava. Por exemplo:
O Senado estudava as leis que seriam propostas aos cidadãos e cuidava das relações com as outras regiões. Os membros do Senado eram escolhidos pelos demos;
A Eclesia, assembléia popular, era a instituição mais importante, da qual todos os cidadãos participavam. Ela se reunia uma vez por semana em praça pública. Lá, os cidadãos examinavam e votavam as leis propostas pelo Senado, escolhiam os magistrados e discutiam as questões públicas, ou seja, as que diziam respeito a todos os habitantes da cidade. As decisões da Eclesia
não podiam ser contestadas por ninguém.
Os cidadãos eram aqueles que nasciam na cidade e cujos pais eram atenienses. As mulheres, as crianças, os estrangeiros e os escravos, que formavam a maioria da população de Atenas, não participavam da democracia ateniense.
Os estrangeiros tinham de pagar impostos e, em caso de guerra, eram obrigados servir no exército.
Em certos momentos, os escravos formaram mais da metade da população da cidade. Eles cultivavam a terra dos cidadãos e trabalhavam nas oficinas dos artesãos.
Ao contrário do que ocorria em Esparta, as escolas atenienses eram particulares: as escolas públicas não existiam. Aos 7 anos, os meninos cujos pais podiam pagar uma escola começavam a freqüentar o ginásio, acompanhados de um escravo chamado pedagogo. Ao completar os 18 anos, registravam-se no demos e prestavam o serviço militar obrigatório. Aos 20 anos, tornavam-se cidadãos.
As mulheres ficavam em casa, tecendo, e não recebiam nenhum tipo de educação. Eram totalmente excluídas da vida política da cidade e não participavam das reuniões sociais e dos entretenimentos públicos, reservados exclusivamente para os homens.
Por volta do século V a.C., tanto Atenas como Esparta tinham se tornado muito poderosas. Era inevitável que seus interesses se chocassem. Antes disso, porém, um acontecimento muito importante fez com que toda a Grécia se unisse: foi a ameaça dos persas, que tentavam expandir seu império para além da Ásia

A Grécia Clássica

A guerra entre gregos e persas foi, na realidade, o primeiro enfrentamento de dois modos de vida e duas culturas totalmente diferentes. De um lado, estavam as cidades gregas e suas formas democráticas. Do outro, o império persa, com seus imperadores absolutistas.
Depois das guerras, a cultura grega, em especial a de Atenas, viveu seu melhor momento. É por isso que os historiadores chamam esse período da história da Grécia de clássico.


As guerras entre gregos e persas
A guerra começou quando a cidade de Mileto quis se rebelar contra os impostos cobrados pelos persas. No ano 500 a.C., Mileto, com a ajuda de Atenas, improvisou um exército e atacou a cidade de Sardes, o centro de uma província persa.
Mas o poderoso exército persa logo os derrotou. Depois desse episódio, todas as colônias gregas da Ásia Menor foram dominadas e severamente castigadas pelos persas.
Dario, o imperador da Pérsia, exigiu a rendição das cidades gregas.
Quase todas as cidades se renderam, menos Atenas e Esparta. Foi assim que começou a primeira guerra médica, assim chamada porque os gregos achavam que os persas eram os medos, um dos povos ários que vimos antes.


A primeira guerra médica (490 a.C.)
Os atenienses, que esperavam reforços de Esparta, enfrentaram os persas sozinhos. Apesar da desvantagem, pois não tinham tantos soldados assim, conseguiram vencê-los. Os persas se retiraram. Logo depois, Atenas iniciou a construção de uma frota de 400 navios e se transformou na potência marítima do Mediterrâneo.

A segunda guerra médica (479 a.C.)
Quando Dario, rei dos persas, morreu, em 485 a.C., foi sucedido pelo filho Xerxes, que preparou um exército imenso e uma frota de mais de 4 mil navios.
Atenas e Esparta se uniram, mais uma vez, para enfrentar o inimigo comum. Eles decidiram esperar os persas no desfiladeiro das Termópilas.
Dessa vez, a sorte jogou contra os gregos. Por causa dos Jogos Olímpicos, o exército espartano estava desfalcado e enfraquecido. Os espartanos, liderados pelo rei Leônidas, foram derrotados nas Termópilas.
Os persas chegaram a Atenas, incendiando e destruindo boa parte da cidade.
Apesar disso, os atenienses ainda tinham sua frota de navios e conseguiram derrotar os persas no estreito de Salamina.
Animados pela vitória em Salamina, os espartanos conseguiram derrotar os persas na batalha de Platéia, no mesmo ano de 479 a.C.
Depois de várias vitórias, as cidades gregas decidiram formar uma confederação para derrotar os persas definitivamente. Eles escolheram o santuário de Apolo, na ilha de Delos, como sede.
Depois disso, as cidades gregas transferiram a sede para Atenas. Quando as guerras médicas terminaram, depois de os gregos reconquistarem as ilhas do mar Egeu, Atenas tinha, de fato, se convertido no centro de um império.


A vez de Atenas: o governo de Péricles
Nesse momento, surgiu em Atenas um personagem: Péricles, que governou durante mais de trinta anos. Ele foi o responsável pela reconstrução da cidade.
Rodeado de sábios e artistas e auxiliado pela mulher, Aspásia, sua época ficou conhecida como “o século de Péricles”.


O imperialismo ateniense
Os cidadãos atenienses gostavam muito da democracia que criaram. Apesar disso, não usavam esses princípios quando se relacionavam com as outras cidades gregas.
Péricles criou colônias atenienses em lugares estratégicos da Grécia. Mandava os cidadãos mais pobres de Atenas para as colônias, a fim de manter o predomínio de Atenas sobre as demais cidades. A moeda de Atenas se impôs em todo o Mediterrâneo oriental.
Com o passar do tempo, as cidades confederadas começaram a achar que o peso dos impostos que Atenas lhes cobrava estava se tornando insuportável.
Em 447 a.C., a cidade de Tebas, apoiada por Esparta, se desligou da Liga, proclamou sua independência e derrotou as tropas que tinham sido enviadas por Atenas para sufocar a rebelião.


A guerra civil: a decadência do mundo grego
A luta entre os gregos durou trinta anos e culminou com a decadência das cidades gregas. Atenas perdeu seu império. Esparta controlou a situação durante um breve período, até que foi derrotada por Tebas.

A Guerra do Peloponeso (431 a.C.-404 a.C.)
Como já vimos, bastou um pequeno pretexto para que a luta entre Atenas e Esparta começasse.
Sitiada por mar e por terra, debilitada pela fome e pelas lutas internas, Atenas se rendeu em 404 a.C. Foi obrigada a entrar na Liga do Peloponeso e a reconhecer o predomínio de Esparta. O poder militar ateniense tinha acabado para sempre.

O predomínio de Esparta
Esparta foi o centro do mundo grego durante algum tempo. Para manter essa posição, porém,
Esparta teve de usar a força militar, criando uma tirania muito pior que a de Atenas. As cidades
tinham de pagar impostos e manter uma guarnição de soldados espartanos para garantir a ordem.
A liberdade das cidades não existia. O predomínio de Tebas A tirania de Esparta foi se tornando insuportável. Depois de algum tempo, Atenas, Corinto e Tebas se uniram contra Esparta.
Os tebanos enfrentaram e derrotaram o exército espartano nas batalhas de Leuctra, em 376 a.C., e Mantinea, em 362 a.C. Tebas passou a ser a cidade mais importante da Grécia. Ela formou uma nova confederação da qual participaram todas as cidades gregas, agora debilitadas pelos longos anos de guerra civil.
Não demorou muito para que elas caíssem nas mãos de novos donos: os macedônios.

O século de ouro da cultura grega



As artes

Grande parte daquilo que os gregos criaram não era original. Eles herdaram muitos elementos das culturas dos cretenses e do Oriente Médio.
Apesar disso, os gregos conseguiram expressar na arte uma especial preocupação com o ser humano acima de todas as outras criações da natureza. Comparada com as criações das civilizações do Oriente Médio, a arte grega era relativamente simples. Essa simplicidade foi a base da chamada arte clássica.

As letras

O mundo deve aos gregos a criação de quase todos os gêneros literários, ou seja, de diferentes formas de expressão por meio da escrita. Além dos poemas homéricos, o século de ouro assistiu ao surgimento da poesia lírica.
O teatro surgiu nas festas que se realizavam todos os anos para homenagear Dioniso, o deus do vinho. Nessas festas, os gregos organizavam cortejos nos quais as pessoas apareciam fantasiadas com peles de cabra chamadas de tragedis. Elas davam voltas ao redor do templo e dialogavam com o público. Foi assim que nasceu a tragédia grega.
A comédia apresentava situações engraçadas. Contribuiu para a educação popular, pois satirizava e ridicularizava os defeitos da vida pública. Os gregos foram, também, o primeiro povo a se preocupar com a História. Eles deram ao mundo, por assim dizer, o primeiro historiador. Heródoto foi chamado de “pai da História”. Graças a ele, temos relatos de como era a vida grega durante o século V a.C.

As ciências

Os gregos se dedicaram ao estudo das causas da saúde e das doenças. Eles desenvolveram a medicina. Hipócrates foi considerado o “pai da medicina”.
Podemos dizer que a filosofia nasceu na Grécia. Foi lá que surgiram os pensadores que se preocupavam em saber a origem e o destino da existência humana. Os maiores filósofos - os “amigos do conhecimento” - gregos foram Sócrates, um ateniense que afirmava que a fonte da sabedoria está no próprio homem, Platão, que foi discípulo de Sócrates, e Aristóteles, criador da lógica, um macedônio que foi professor de Alexandre Magno.

A Grécia helenística

Depois das guerras civis, as cidades gregas entraram em um período de decadência. O luxo excessivo e a desunião entre as cidades agravou a situação.
Nesse momento, apareceu um homem cujo ideal transformou a Grécia clássica: Filipe da Macedônia. Esse homem unificou as cidades gregas e atacou o império persa. Seu filho, Alexandre Magno, realizou a conquista da Pérsia e difundiu a cultura grega no Oriente.

A Macedônia e Filipe II

Em 360 a.C., Filipe II, um jovem de 23 anos, subiu ao trono da Macedônia. Oito anos antes disso, tinha sido mantido refém em Tebas, onde recebeu uma educação grega. Lá, Filipe percebeu a fragilidade das cidades gregas e traçou um plano para transformar a Macedônia no principal Estado grego.
Ele chamou muitos sábios e professores gregos para difundir a cultura grega e, assim, “helenizar” os macedônios. Ao mesmo tempo, criou um poderoso exército, nos moldes do exército tebano.
Filipe reuniu representantes de todas as cidades gregas, menos Esparta, no Congresso Geral de Corinto. Nesse congresso, as cidades gregas decidiram formar uma nova liga, chefiada por Filipe, para atacar os persas.
Filipe tinha conseguido o que nenhum outro grego jamais conseguira. Mas, às vésperas da invasão da Pérsia, ele foi assassinado.
Seu projeto, entretanto, seria realizado por seu filho e sucessor, Alexandre.

Alexandre Magno

Alexandre Magno foi um personagem histórico que deu origem a muitas lendas e mitos. Ele foi chamado de “o grande” pelas incríveis façanhas que realizou. Alexandre foi aluno de Aristóteles, grande filósofo, e adquiriu uma vasta cultura. Além disso, era um excelente orador e tinha verdadeira paixão pelos esportes. Os homens e as mulheres da Antiguidade o consideravam um semideus.
Na primavera de 334 a.C., Alexandre Magno desembarcou perto de Tróia com um exército de 35 mil homens. Ele teria de enfrentar o exército persa, que contava com um milhão de soldados. Alexandre conquistou a Ásia Menor e libertou as cidades gregas que ficavam no litoral.
Depois desse triunfo, Alexandre derrotou os persas e capturou a família do imperador. Em pouco tempo, toda a Palestina havia se transformado numa província grega.
Seu próximo passo foi invadir o Egito, onde foi consagrado faraó. Alexandre fundou a cidade de Alexandria na desembocadura do rio Nilo, em homenagem a suas vitórias. Em 331 a.C. , toda a Mesopotâmia se rendeu perante o exército de Alexandre.
As conquistas mudaram o caráter de Alexandre. Ele foi se tornando muito vaidoso, cometendo injustiças e até crimes contra seus amigos. Mesmo assim, ainda conseguiu conquistar a Índia.
Após uma festa, Alexandre caiu vítima de uma febre violenta. Ele morreu doze dias depois, em 323 a.C., aos 33 anos. Quando Alexandre morreu, os generais que o haviam acompanhado em suas conquistas iniciaram uma luta feroz para repartir o império, que acabou sendo dividido em três grandes partes: o Egito, a Síria e a Macedônia.
As cidades gregas viveram uma fase decadente, de lutas e rivalidades, até
que foram conquistadas pelos romanos.

A civilização helenística

A maior obra de Alexandre Magno foi a difusão da cultura grega em todos os lugares que conquistou. Atrás das tropas, chegavam os sábios, os artistas e os pesquisadores gregos. Aos poucos, os povos conquistados foram adotando os costumes gregos.
A civilização helenística foi, portanto, a difusão da cultura grega no Oriente e a assimiliação de cultos e filosofias orientais no Mediterrâneo. Ao entrar em contato com as culturas do Oriente, a arte grega deixou de ser grega para ser universal.
Alexandria foi a capital do novo império e o centro do saber durante esse período.